Com o objetivo de popularizar a telefonia via satélite na década de 1990, um grupo de investidores americanos criou a empresa Iridium e colocou no espaço dezenas de satélites de comunicação em órbita baixa, ao redor de 780 km, cada um deles composto de três antenas planas e metálicas de 188 cm x 86 cm, separadas entre si por um ângulo de 120 graus. Atualmente, o sistema Iridium é pouco usado, mas os satélites da constelação ainda estão bem ativos no espaço e conta com 81 objetos em órbita.
O que a empresa Iridium não imaginava é que as três antenas, por serem altamente polidas e estarem inclinadas em 40 graus, podiam refletir os raios de Sol exatamente igual à brincadeira dos espelhos e poderiam servir para uma verdadeira aula de física e ótica nas escolas e universidades. Surgia então o termo Iridium Flare, o intenso flash de luz provocado pelo reflexo do Sol nas antenas metálicas dos satélites Iridium.
Quando dizemos intenso, não estamos exagerando. Em muitas ocasiões o flash é tão forte que pode atingir magnitude - 9, o que equivale a 30 vezes o brilho do planeta Vênus. Os flashes podem ser vistos com muita facilidade e a única exigência é que o observador saiba para onde olhar e em qual momento. O tempo de duração não é fixo, mas já presenciamos flashes de até 15 segundos.
Por que acontece?
Como explicado, um dos mecanismos responsáveis pelo flash é o reflexo do Sol em uma das três antenas principais, chamadas MMA (Main Mission Antennas) mas em algumas ocasiões o reflexo também pode ser originado nos painéis solares. As antenas são construídas em alumínio banhado em prata e montadas com inclinação de 40 graus em relação ao
corpo do satélite.
Além das antenas e do painel solar, outro elemento responsável pelos flashes é a posição do satélite, que tem seu eixo vertical rigidamente apontado na direção da Terra. Mantida esta configuração, uma das antenas sempre apontará para frente.
A precisão na posição dos elementos acima é que faz com que os flashes possam ser calculados e previstos com exatidão, já que a posição de todos os elementos é perfeitamente conhecida.
Outros dados necessários ao cálculo são a posição do satélite, a localização do observador e a posição do Sol com relação a esses dois. Uma vez que esses parâmetros sejam conhecidos são usadas as fórmulas tradicionais de trigonometria esférica e principalmente da lei dos espelhos, necessária para calcular o ângulo da reflexão, também chamado de ângulo especular.
Aqui na Terra O reflexo do Sol em uma das três MMAs produz na superfície da Terra um pequeno spot, ou círculo luminoso, de aproximadamente 10 km de diâmetro, que se move à medida que o satélite e a Terra também se movimentam.
O flash ou Iridium Flare ocorre quando o observador se encontra dentro do spot e será mais intenso quanto mais próximo estiver do seu centro. Isso significa que os cálculos para sua observação serão mais precisos quanto mais exatos forem às coordenadas fornecidas pelo observador, já que pequenas variações podem deslocar o foco do spot.
A figura ao lado ajuda a compreender o processo da geração do flash. Observe o spot projetado na superfície.
Vendo os Flashes
Nosso aplicativo permite que você saiba o momento exato em que os flashes vão ocorrer, além de trazer informações sobre o azimute e a elevação de sua posição no céu. Os valores informados são muito precisos, por isso mantenha seu relógio perfeitamente ajustado.
Os flashes mais intensos e interessantes são aqueles com maior intensidade, lembrando que quanto menor a magnitude informada na tabela maior será o brilho do flash. Desta forma, um flash de magnitude -8 é mais intenso que um de -5.
Uma vez que você saiba para onde olhar, é só aguardar a hora marcada. Um intenso ponto de luz vai marcar o céu. Igualzinho a brincadeira do espelho!
Vejam um vídeo:
CUB • Matéria indicada por Eduardo Sás
Fonte: ASTROSAT
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