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sábado, 8 de agosto de 2015

TEOTIHUACÁN - O LOCAL ONDE HOMENS SE TORNAM DEUSES

        Teotihuacan significa "A Cidade dos Deuses", ou "Onde Os homens se tornam deuses"
(em Nahuatl). É um sítio arqueológico localizado a 40 km da Cidade do México, no México, e foi declarado Património da Humanidade pela UNESCO em 1987.
A HISTÓRIA
Teotihuacan foi uma cidade muito próspera e foi considerada a sexta maior cidade do mundo de 500 a 600 aC. Sua civilização foi contemporânea a Roma antiga e durou 500 anos além desta. Chegou a ter 200 mil pessoas habitando a cidade em seu auge. Foi muito bem planejada e foi maior e mais avançada do que qualquer cidade européia da época, mas infelizmente os construtores de Teotihuacán não deixaram nenhum vestígio de sistema de escrita e muito pouco se sabe sobre eles. Sem motivo aparente, em torno de 650 dC começou a declinar e foi quase totalmente abandonada em 750 dC.
Alguma grande catástrofe, aparentemente, atingiu a cidade em 700 dC, reduzindo sua população abaixo de 70.000 pessoas. A cidade foi deliberadamente queimada e destruída. Ao longo dos anos, os seus edifícios desmoronaram e as pirâmides ficaram cobertas de densa vegetação.O declínio de Teotihuacan foi quase tão rápido quanto sua ascensão à proeminência, mesmo assim, oito séculos mais tarde, Teotihuacan ainda era reverenciada intensamente por toda a parte, como um lugar sagrado.
Algum tipo de crise ultrapassou todas as civilizações da Mesoamérica (incluindo a Maia), dois séculos mais tarde, forçando-os a abandonar a maior parte das cidades. Alguns antropólogos acreditam que a crise pode ter sido uma diminuição da oferta de alimentos causada por uma secagem da terra e uma perda de fontes de água para a área. Eles especulam que este pode ter sido provocada por uma combinação de mudança climática natural para a aridez que parece ter acontecido por todo o México durante o período clássico e os moradores tendo cortado toda a madeira no vale. Originalmente havia cedros, ciprestes, pinheiros, carvalhos e florestas, hoje existem cactus, mandioca, agave, pimenta e árvores Califórnia. Esta mudança na vegetação indica uma grande mudança climática.
Apesar de Teotihuacan apresentar um enigma para os arqueólogos, porque era uma grande cidade que parece ter surgido sem antecedentes, o fato mais importante que os arqueólogos têm aprendido sobre o período clássico no México foi a supremacia de Teotihuacan. Como o centro urbanizado do México, com população e produção tremenda, o seu poder foi imposto através de meios políticos e culturais, não só em seu habitat nativo das montanhas, mas também ao longo das costas tropicais, chegando até a área maia. Todos os outros estados mexicanos foram parcialmente ou totalmente dependente dela. Desde o ápice da civilização, em Teotihuacan, as guerras se tornaram a regra do dia, e os capturados serviam como sacrifício aos Deuses.
Os astecas chegaram em torno do século XIII dC e não viviam na cidade, pois a consideravam um local cerimonial. Eles deram o lugar e as suas estruturas principais os seus nomes atuais. Eles consideraram-na o lugar "dos Deuses" - um lugar onde, acreditavam que o mundo atual foi criado.
Quando os espanhóis chegaram ao México em 1519, os astecas pensaram que se tratavam dos seus Deuses, pois se assemelhavam fisicamente as descrições em lendas do Deus Quetzalcoalt. Os espanhóis se aproveitaram de sua crença e conquistaram-nos totalmente.

A PIRÂMIDE DO SOL
Com aproximadamente 63 m de altura (cerca de metade da altura da Grande Pirâmide de Gizé, no Egito), e com sua base medindo 220 x 230 m, a Pirâmide do Sol está entre as maiores pirâmides do mundo. Os construtores ergueram a Pirâmide do Sol transportando e erguendo cerca de três milhões de toneladas de pedras, tijolos e entulho sem o auxílio de veículos com roda, de animais de carga ou de ferramentas de metal. Ao invés de faces lisas possuem escadas e foram feitas de pedras não tão grandes como as pedras usadas para construir pirâmides egípcias. Em seu auge a maioria de Teotihuacan foi rebocada, e as pirâmides eram pintadas de vermelho brilhante.
Em 1971, uma grande caverna debaixo da Pirâmide do Sol foi descoberta. A caverna é realmente um tubo de lava natural, mas foi alargada por mãos humanas e fabricada em épocas antigas, muito anterior a construção da cidade. O vale de Teotihuacan tem uma série de bacias naturais no meio de uma extensa região de vulcões, por isso, existem muitas cavernas, formadas a partir dos tubos de fluxos de lava antigos.
mica
Outra característica fascinante de algumas das estruturas piramidiais é que eles contêm uma camada espessa de mica, um mineral que teve de ser trazido do Brasil, mais de 2000 quilómetros de distância, pois essa substância não existe no México e arredores. Não se sabe como a Mica foi transportada por essa grande distância (e sem rodas). A mica foi usada em uma camada interna da pirâmide onde não poderia ser vista. Uma característica de mica é que ele é utilizada como isolante em coisas eléctricas e electrônicas.
A mica tem uma alta rigidez dielétrica e é usada como isolante em equipamentos para alta-voltagens

A PIRÂMIDE DA LUA
A Pirâmide da Lua está localizada no extremo norte da Avenida dos Mortos, que é o eixo principal da cidade. A pirâmide foi construída como o principal monumento do complexo da lua. As cinco plataformas diferenciados foram anexadas à frente da Pirâmide.
A escavação em curso sob a Pirâmide da Lua pode ser uma das melhores oportunidades para responder a perguntas sobre a civilização,revelando segredos enterrados. Ainda que menor que a pirâmide do Sol, os seus vértices encontram-se à mesma altura, pois está construída em terreno mais elevado. Tem uma altura de 45 m. Junto a esta pirâmide foi encontrada uma estátua chamada deusa da Agricultura, que os arqueólogos acreditam ser da época Tolteca primitiva.
Esta pirâmide situa-se bastante perto da pirâmide do Sol, fechando o lado norte do recinto da cidade. Desde a sua esplanada inicia-se o percurso pelo eixo principal, a Calçada dos Mortos.

A CALÇADA DOS MORTOS
Conhecida também como a "Rua dos Mortos", foi o verdadeiro eixo central da cidade, bem como o seu centro cerimonial. Ela inicia no recinto da pirâmide da Lua e termina num recinto a que os espanhóis do século XVI chamaram Cidadela. Tem 4 km de comprimento com uma largura total de 45 m. Está orientada 15º 30' a oriente do norte astronómico, como aliás ocorre com quase todas as construções aqui encontradas. Ao longo da rua encontram-se os edifícios mais importantes que albergavam templos, palácios e casas de personagens importantes. Além destes, também as duas grandes pirâmides, a Casa dos Sacerdotes, o palácio de Quetzalpapalotl (borboleta quetzal), o palácio dos Jaguares, a estrutura dos Caracóis emplumados, o templo de Quetzalcóatl, a cidadela e muitas outras edificações que no seu tempo eram de grande beleza, se situam junto a esta avenida.
A CIDADELA
Situa-se no topo sul da calçada dos Mortos. Foi assim denominada pelos conquistadores espanhóis do século XVI, que julgavam que este espaço rectangular era uma instalação militar. É constituída por um pátio com casas à sua volta, onde se supõe que viviam os sacerdotes e os governantes. No seu lado este encontra-se o templo de Quetzalcóatl.





TEMPLO DE QUETZALCÓALT
Encontra-se a uma certa distância das pirâmides, na calçada dos Mortos, tendo sido descoberto em 1920. Encontrava-se até então sob uma pirâmide de paredes lisas, sem qualquer decoração.
Ao descobrir Teotihuacan, os toltecas adoptaram a cidade como sua e como cidade santa. Passaram a enterrar ali os seus grandes senhores, tendo sido por eles construído este templo. Foi mandado construir pelo rei Mitl (770- 829). Quando foi descoberto, veio à luz a sua decoração de mosaicos de pedras, as cabeças e símbolos divinos do deus Tláloc (o deus da chuva e senhor do trovão e divindade do vale do México) e do deus Quetzalcóatl (a estrela da manhã, a serpente emplumada, gênio nacional). Este último deus seria adoptado pelos astecas, que acreditaram vê-lo na figura de Hernán Cortés.
Quetzalcoatl, enquanto simbolizada como uma serpente emplumada, parece também ter sido uma figura histórica - o homem creditado com trazer a civilização, a aprendizagem, a cultura, o calendário, a matemática, a metalurgia, astronomia, alvenaria, arquitectura, agricultura produtiva, o conhecimento das propriedades curativas de plantas, a lei, o artesanato, as artes, e da paz para o povo nativo. Ele é retratado como um tipo físico bem diferente do que os nativos - de pele clara e corado, longo, nariz, e com uma longa barba. Ele disse que era para ter chegado de barco a partir do leste, e partiu de novo anos depois, prometendo voltar algum dia.
Encontrava-se também no templo um artefacto muito antigo em forma de rã, razão pela qual nos tempos anteriores à conquista espanhola este templo era conhecido como o templo da rã. Conhece-se este facto graças à descrição feita nas suas crónicas por uma personagem muito erudita de finais de 1600 chamado Ixtlilxochitl, cultíssimo descendente dos reis de Texcoco.
Segundo ele, A rã do templo construído pelo rei Mitl em Teotihuacan, era de esmeralda, tendo sido encontrada pelos espanhóis, que deram boa conta dela. Efectivamente, a rã era um animal associado aos deuses da água; há mesmo especialistas que asseguram que Tláloc representa este animal. Os toltecas consideravam-na a deusa da água. As rãs anunciavam as chuvas. Em algumas festividades ofereciam estes pequenos animais aos deuses, depois de assados. Os mazatecas comiam as rãs e cobras vivas durante a celebração de uma festividade chamada atamalcualiztli.
Na crónica referida, Ixtlilxóchiltl acrescenta que numa montanha a este de Texcoco, chamada monte de Tláloc, havia uma grande estátua deste deus, talhada em lava de cor branca. Trata-se da estátua descoberta no século XX e que actualmente se encontra na entrada do Museu Nacional de Antropologia, na Cidade do México, pesando 300 toneladas. Este templo é de um gosto e cultura muito diferentes da dos monumentos primitivos de Teotihuacan.

PALÁCIO DE QUETZALPAPÁLOTL
Também conhecido como da Borboleta Quetzal ou Borboleta emplumada. Situado a oeste da praça da pirâmide da Lua. Trata-se provavelmente do edifício mais luxuoso e um dos mais importantes da cidade. Terá sido a residência de um personagem notável e influente. Encontra-se amplamente decorado com murais muito bem preservados, sobretudo no que toca à cor vermelha que era a cor preferida desta civilização. As zonas baixas do edifício conservam a cor original. Tem um pátio, chamado pátio dos pilares; estes estão decorados com belos baixos-relevos. No centro pode ver-se a representação do deus Quetzalpapalotl com os símbolos que o relacionam com a água.


PALÁCIO DOS JAGUARES
Igualmente situado no lado oeste da praça da pirâmide da Lua. Em ambos lados da porta da entrada vêem-se duas imagens de felinos bastante grandes, com as cabeças emplumadas; com as patas sustentam uma concha de caracol, através da qual parecem soprar, como se de um instrumento musical se tratasse. No dorso e na cauda são visíveis incrustações de conchas do mar. Na bordadura da parte superior do mural podem ver-se os símbolos do deus da chuva e num glifo vêem-se, como decoração, plumas que representam o ano solar teotihuacano.






EDIFÍCIO DOS CARACÓIS EMPLUMADOS
Trata-se da estrutura mais antiga de todas as que formam a cidade de Teotihuacan. O acesso é feito por um túnel situado por baixo do Palácio de Quetzalpapálotl. Parece ter pertencido a um templo ricamente decorado. Podem ver-se ali imagens simbólicas de instrumentos musicais em forma de caracol, com boquilhas e elegantes plumas. Na parte inferior da estrutura há uma plataforma profusamente decorada com um grande número de aves que se pensa serem papagaios. Destes brota água em abundância. Segundo os arqueólogos é um dos templos mais formosos da zona.
AS LENDAS
Teotihuacan é a cidade dos deuses e também a cidade dos mortos, aqueles que passam a ser teutl, isto é, heróis divinizados. Por estas razões, ao enterrar aqui pessoas notáveis, supunha-se que estas tinham categoria suficiente para converter-se em teutl; mas para que assim fosse era necessário que fizessem a passagem levando consigo uma máscara, pois os deuses nunca mostram a sua cara, cobrindo-a com uma máscara. Por este motivo os grandes senhores enterrados em Teotihuacan foram sempre providos de máscaras, podendo assim aceder a uma existência heróica além-túmulo.
Em todas as necrópoles pré-cortesianas foram encontradas, sobre os cadáveres, máscaras de vários tipos e de grande tamanho, nunca mais pequenas que o tamanho natural de uma cara. Para os povos índios do sudoeste dos Estados Unidos, falar de máscaras era falar de deuses. Na cultura grega da antiguidade também se utilizavam máscaras no teatro, quando a representação se convertia em acto religioso. Para os povos orientais, a máscara sempre teve um poder mágico. Mesmo no teatro italiano do Renascimento os personagens protagonistas por excelência, Pierrot e Arlequim, usavam máscara, como representação mais divina que humana, enquanto que os outros personagens (Colombina, Polichinelo), não a usavam.
No entanto, as máscaras de Teotihuacan são de uma beleza excepcional. Nunca reproduzem os traços especiais de cada indivíduo mas sim os traços gerais de cada povo. As suas linhas são correctas e mostram o retrato físico e espiritual de uma estirpe. Em Teotihuacan foram capazes de talhar estas máscaras em pedras duríssimas e de grande qualidade, escolhidas cuidadosamente de acordo com a sua cor natural e iridescências apresentadas. As máscaras que haviam sido feitas de pedra menos dura e de pior qualidade foram posteriormente estucadas e pintadas. Outras eram revestidas de mosaicos de turquesas, coral e obsidiana:
O historiador de Arte José Pijoan, no volume X da colecção Suma Artis, descreve a descoberta de todas estas máscaras em Teotihuacan defendendo que são os objectos de arte mais preciosos de todos os encontrados no México.
O quinto Sol
As civilizações mexicanas tinham uma lenda, segundo a qual, uma primeira geração de homens havia sido destruída em tempos remotos por Jaguares (Primeiro Sol). A geração seguinte fora destruída por furacões ou Vento (Segundo Sol). Uma terceira por erupções vulcânicas ou Fogo (Terceiro Sol). A quarta havia desaparecido com um dilúvio de Água (Quarto Sol). Estes sóis de cada uma das idades não eram como o sol actual que aquece temperadamente e que dá vida; este último sol teria sido criado em Teotihuacan (Quinto Sol).
Foi também o padre Sahagún quem nos deu a conhecer a bonita lenda que nos fala da criação do Sol e da Lua, os deuses a quem foram dedicadas as duas magníficas pirâmides. A lenda reza assim:
Antes que existisse dia, os deuses reuniram-se em Teotihuacan e disseram, "Quem iluminará o mundo?". Um deus rico (Tecciztecatl) disse "Eu me encarregarei de iluminar o mundo". "Quem será o outro?", e como ninguém respondia, nomearam um outro deus pobre e sarnento (Nanahuatzin). Depois da nomeação, os dois começaram a fazer penitência e a rezar. O deus rico ofereceu penas valiosas de uma ave chamada quetzal, pepitas de ouro, pedras preciosas, coral e incenso de copal. O deus sarnento por seu lado, oferecia canas verdes, bolas de feno, espinhos de maguei cobertos com o seu sangue e no lugar de incenso oferecia as crostas das suas pústulas. À meia-noite terminou a penitência e começaram os rituais. Os deuses ofereceram ao deus rico bela plumagem e um casaco de linho enquanto que ao deus pobre era oferecida uma estola de papel. Depois, junto ao fogo, ordenaram ao deus rico que se atirara a ele. Este teve medo e recuou. Voltou a tentar e mais uma vez recuou, isto por quatro vezes. Chegou então a vez de Nanahuatzin, que fechou os olhos e se atirou ao fogo sendo consumido por este. Quando o deus rico viu isto, imitou-o. De seguida entrou no fogo uma águia, que também se queimou (e é por isso que as águias têm as penas foscas, de cor morena muito escura); de seguida entrou um jaguar que se chamuscou e ficou manchado de branco e negro. Então os deuses sentaram-se à espera para ver de onde sairia Nanahuatzin; olhando para oriente viram aparecer o sol com uma cor forte; radiava luz em todas as direcções e não conseguiam olhar directamente para ele. Voltaram a olhar para oriente e viram aparecer a Lua. Ao princípio os dois deuses resplandeciam com igual intensidade, mas um dos deuses presentes atirou um coelho à cara do deus rico e desta maneira diminuiu o seu brilho. Todos ficaram quietos; depois decidiram morrer para assim dar a vida ao Sol e à Lua. Foi o Vento que os matou e que em seguida começou a soprar, fazendo deslocar primeiro o Sol e mais tarde a Lua. Por tudo isto é que o Sol nasce durante o dia e a Lua mais tarde, durante a noite.
Fontes

Um comentário :

  1. Mentes brilhantes, essa educação, comprometimento, inteligência e mais quantos adjetivos puderem ser adicionados a esse povo, irmaos nossos que nunca devem ser esquecidos, deveria ser espelhada nos dias de hoje, que com tanta tecnologia disponível nosso povo em sua maioria insetos so pensa em esperar do governo e nao move a bunda da cadeira para poder transformar para melhor o mundo ao redor!

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