Por: Reuters, em Nova York
Como se a construção das pirâmides não fosse suficiente para a realização de uma obra-prima, os antigos egípcios também podem ter sido os pioneiros nas técnicas de amputações. Arqueólogos alemães identificaram uma múmia cujo dedão do pé pode ter sido amputado e substituído por uma prótese funcional.
A múmia, uma mulher que provavelmente tinha entre 50 e 55 anos quando morreu, foi encontrada em uma tumba datando entre 1065 a 740 a.C. na necrópole (cemitério) do local onde foi a capital do Antigo Egito.
Essa não é a primeira múmia com um membro protético encontrada, mas a última descoberta difere em um aspecto importante, de acordo com a equipe de cientistas da Universidade Ludwig-Maximilians, em Munique, liderada por Andreas G. Nerlich.
Os pesquisadores destacaram que, nas outras múmias, os dedos, os antebraços e as outras partes substituídos parecem ter sido adicionados após a morte, provavelmente para preparar as múmias para a vida depois da morte.
Mas, na múmia recentemente descoberta, uma camada de tecido, incluindo pele, cresceu sob o local da amputação, de acordo com o estudo publicado na revista "The Lancet".
Isso sugere que o dedo foi amputado quando a mulher mumificada ainda estava viva, informaram Nerlich e sua equipe.
A prótese de madeira de três partes foi desenhada como um dedão, incluindo a unha, mas o dispositivo não era só estético, mas também funcional, de acordo com os cientistas.
Ligado ao pé com cordões, o dedo protético parecia ter sido desenvolvido para ajudar a pessoa a andar sem grandes problemas.
Normalmente, quando uma pessoa está andando, o dedão sustenta cerca de 40% do peso, de acordo com o estudo.
As descobertas fornecem "evidência convincente" da perícia cirúrgica dos antigos egípcios, concluíram Nerlich e sua equipe.
Os pesquisadores disseram que não podem determinar se o dedo foi removido cirurgicamente ou foi resultado de um acidente ou uma doença.
Mas Nerlich e sua equipe detectaram sinais de doença arterial na múmia. O dedão pode ter sido amputado após a mulher desenvolver gangrena como resultado de uma circulação deficiente na região do dedo.
Artigo publicado em 28/12/2000
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