Em 1980, militares da USAF teriam tido contado com estranhas luzes e um objeto pousado próximo a duas grandes bases militares na Inglaterra; código binário teria sido recebido por testemunha. Documentos e relatos possuem contradições e céticos apresentam teorias.
A maior parte dos relatos de OVNIs envolve apenas luzes no céu, é feita por civis e raramente existe algum relato independente ou registro de alguma forma que possa dar mais credibilidade ao caso. Desta forma, quando se fala de questões concretas, estes casos podem ser descartados facilmente como ilusões de ótica, erros de identificação de fenômenos naturais, satélites, aeronaves, balões meteorológicos, etc., ou simplesmente fraude.
Eu mesmo já ouvi várias vezes em minha cidade e em viagens pessoas dizerem que viram algo "não identificado" no céu, mas nunca me apresentaram algo que pudesse comprovar, embora eu já tenha recebido relatos independentes.
Mas quando um objeto pousa próximo a duas bases militares importantes – que secretamente armazenavam armas nucleares – no ápice da Guerra Fria, é testemunhado por cerca de 80 militares e é feita uma investigação pelo governo, a coisa é diferente…
O Incidente da Floresta de Rendlesham, como o caso ficou conhecido internacionalmente – aconteceu nos últimos dias de 1980.
A Floresta de Rendlesham é uma grande floresta de pinheiros de 15 km², a noroeste de Ipswich, em Suffolk, Inglaterra. Os arredores são palco de acontecimentos ufológicos há muito tempo, com pescadores vendo bolas de fogo verde emergindo do Mar do Norte e tendo estranhas bolhas na pele.
Nos limites da floresta, há duas das mais importantes bases aéreas da Força Aérea Real (Royal Air Force, RAF): Bentwaters e Woodbridge, ambas há muito conhecidas pelo emprego de tecnologias avanças. Por exemplo, na base de Bawdsey, no eixo Woodbridge-Bentwaters, os ingleses desenvolveram o radar e Orford Ness foi por muito tempo uma instalação de pesquisas secretas. Os experimentos com codinome "Cobra Mist" levaram a avisos de que navios que se aproximassem demais da costa poderiam sofrer "interferência".
Desde a Segunda Guerra, elas eram utilizadas pela Fora Aérea dos Estados Unidos (United States Air Force, USAF) e, na época do ocorrido estavam sob supervisão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). 12 mil homens serviam nas bases, que contavam com aeronaves A-10 Thunderbolt II. Havia armas nucleares lá, o que só foi admitido pelo governo mais de dez anos depois. Com o fim da Guerra Fria, Bentwaters e Woodbridge foram fechadas.
Luzes na floresta O TCel. Charles I. Halt, sub-comandante da base de Woodbridge, averigua um registro no diário militar no qual homens teriam visto luzes não identificadas e um estranho objeto triangular pousado na floresta na noite anterior. Este era o assunto do dia nas conversas da base. Tentando ignorar o caso e se livrar do problema, Halt anota apenas que eles haviam visto algumas luzes.
Duas noites depois dos primeiros avistamentos, aviadores estavam observando o céu informalmente na floresta quando relataram estranhas luzes. Preocupado com a moral da tropas, o Tenente Bruce Englund, chefe de segurança da base, interrompeu uma festa de Natal dos oficiais para dar a notícia. O Cel. Ted Conrad, comandante da base, que tinha um discurso de premiação a dar na festa logo após o jantar, encarrega Halt de reunir um grupo e resolver o assunto de vez.
Halt acreditava que que acabaria com aquele engano rapidamente. Pegou seu gravador de bolso, até porque seria extremamente difícil fazer anotações na escuridão da floresta, e um contador Geiger e foi para a floresta por volta das 23h com mais 4 ou 5 militares, incluindo o Comandante de Asa ("Wing Commander") Gordon E. Williams, o Ten. Englund, que era da equipe de prontidão de desastres, e Ray Gulyas, fotógrafo da base.
Eles também levaram holofotes, mas estes falhavam frequentemente próximo ao local suposto local do pouso. Ao entrarem na floresta a o rádio começou a apresentar falhas, as poucas comunicações possíveis ainda tinham muita estática.
Eles encontraram metade da força de segurança no local e em torno de 7 veículos militares tentando iluminar a floresta. Logo Halt deduziu que aquilo poderia ser um desastre de relações públicas prestes a estourar e ordenou que retornassem com o maior número de pessoas possível para a base. Ele levou uma pequena equipe para o suposto local de aterrissagem.
A equipe encontrou uma clareira com os arredores devastados e conseguiram leituras de radiação até dez vezes acima do normal. Havia três marcas no chão a cerca de três metros uma da outra formando um triângulo. Elas tinham 4 centímetros de profundidade e 18 de diâmetro e os índices de radiação beta/gama eram ainda mais acentuados nelas. Os galhos ao redor das marcas estavam quebrados, assim como as copas das árvores. Algo parecia ter descido e subido por ali. Enquanto investigava o local, a equipe também ouviu os animais ao redor em agitação por algum tempo.
A área foi fotografada e Halt registrava o andamento da investigação em tempo real com seu gravador.
Pouco tempo depois, às 1h48, começaram a ouvir barulhos e Halt avisou seus homens para prosseguirem com cuidado. Um dos militares do grupo percebeu um objeto vermelho brilhante longe na floresta. Halt imediatamente ligou seu gravador. Eles correram para se aproximar e detalhes do objeto ficaram visíveis.
Segundo Halt, o objeto era oval e laranja avermelhado. Havia algo parecido com pedaços de metal derretido pingando dele e caindo pelo chão. Tinha o centro preto, um preto sólido, que piscava quase como um olho. Se movia entre as árvores a cerca de 1,5 m do solo, ziguezagueando, subindo e descendo. Parecia procurar algo e estar sob controle inteligente.
O Sargento Adrian Bustinza disse que a luz brilhante estava como que descansada sobre uma pilha de névoa amarela e dividida no meio como o arco-íris produzido por um prisma.
Eles seguiram o objeto pela floresta por cerca de uma hora, atravessando o campo de um fazendeiro e um pequeno riacho.
O objeto pareceu mudar de atitude, aumentou seu brilho e começou a se deslocar em direção ao grupo. Repentinamente, o objeto explodiu em silencio em cinco objetos brancos e tudo desapareceu.
Enquanto Halt pensava que jamais conseguiria explicar aquilo a qualquer pessoa, alguém do grupo que olhava para o norte deu um novo alerta. "Olhem! O que é aquilo?" Eles viram cinco objetos elípticos em formação com luzes multicoloridas de 800 a 1.200 m do chão vindo em sua direção. Se moviam em altíssima velocidade, silenciosamente, com movimentos precisos e angulares.
Algumas testemunhas relataram que esses objetos enviavam feixes de luz para a área de armazenamento de armas da base – onde havia armamento nuclear. Todos estavam muito assustados.
Dois objetos se afastaram, um deles rumo norte. Ao mesmo tempo, outro aproximou-se do sul, reduziu a velocidade, sobrevoou os militares e parou em cima deles. Este objeto jogou um feixe de luz próximo aos pés dos homens. Neste momento, ninguém se mexeu. Estavam muito abalados.
Halt afirmou que jamais havia visto algo parecido e que, da mesma forma que o objeto apareceu, ele sumiu. Simplesmente sumiu. Tudo havia terminado. Na hora, Halt pensou que isso acabaria com sua carreira.
Há boatos de que os acontecimentos foram filmados.
Memorando Como oficial no comando, Halt deveria relatar os acontecimentos a seus superiores. Em 13 de janeiro de 1981, a pedido do Líder de Esquadrão Donald Moreland, que era uma espécie de ligação entre o Ministry of Defense (Ministério da Defesa britânico, MoD) e a USAF, ele fez um memorando com o título "Luzes Inexplicadas" esperando colocar um ponto final na questão.
Embora Moreland não tenha visto nada pessoalmente, ele tinha muita confiança nos homens que viram e enviou uma nota endossando o memorando. Para a quantidade de detalhes que a ocorrência teve, o documento foi bem resumindo, não mencionando fitas gravadas, moldes de gesso e supostas amostras de solo colhidas na floresta. Halt disse que estas informações seriam disponibilizadas para o MoD caso houvesse uma investigação, o que não aconteceu.
1. Nas primeiras horas de 27 de dezembro de 1980 (aproximadamente às 3h) dois patrulheiros da polícia de segurança da USAF viram luzes incomuns próximas ao portão traseiro da [base da] RAF Woodbridge. Achando que uma aeronave poderia ter se acidentado ou sido derrubada, eles pediram permissão para sair para investigar. O chefe de voo em serviço respondeu e permitiu que três patrulheiros prosseguissem a pé. Os indivíduos relataram ver um estranho objeto brilhante na floresta. O objeto foi descrito como sendo metálico em aparência e triangular em forma, com aproximadamente de dois a três metros na base e aproximadamente dois metros de altura. Iluminava toda a floresta com uma luz branca. O objeto em si tinha uma luz vermelha pulsante no topo e luzes azuis nas bordas inferiores. O objeto estava pairando ou [pousado] em pernas. Quando os patrulheiros se aproximaram do objeto, ele manobrou por entre as árvores e desapareceu. Neste momento, animais em uma fazenda próxima ficaram agitados. O objeto foi avistado rapidamente aproximadamente uma hora depois próximo ao portão traseiro.2. No dia seguinte, três depressões de 1½" [3,8 cm] de profundidade e 7" [17,8 cm] de diâmetro foram encontradas onde o objeto foi avistado no chão. Na noite seguinte (29 de dezembro de 1980), radiação foi procurada na área. Leituras de 0,1 miliroetgens foram encontradas com picos de radiação nas três depressões e no centro do triângulo formado pelas depressões. Uma árvore próxima tinha leituras moderadas (0,05 a 0,07) no lado em direção às depressões.3. Mais tarde, uma luz vermelha parecida com o sol, foi vista pelas árvores. Se movia pela região e pulsava. Em um ponto, parecia soltar partículas brilhantes e então se separou em cinco objetos brancos separados e então desapareceu. Imediatamente depois, três objetos parecidos com estrelas foram notados no céu, dois ao norte e um ao sul. Todos estavam a cerca de 10° do horizonte. Os objetos se moviam rapidamente em movimentos agudos angulares e tinham luzes vermelhas, verdes e azuis. Os objetos ao norte pareciam ser elípticos por monóculos 8×12. Então, transformaram-se em círculos completos. Os objetos ao norte permaneceram no céu por uma hora ou mais. O objeto ao sul foi visível por mais duas ou três horas e lançava um feixe de luz de tempos em tempos. Vários indivíduos, incluindo o que assina, testemunharam as atividades nos parágrafos 2 e 3.
Devido à localização da base, na Inglaterra, o memorando foi direcionado ao MoD, que fez verificações rápidas e concluiu que o documento não tinha importância para fins de defesa e encerrou o caso.
Erros Nick Pope, famoso defensor ufológico, trabalhou para o MoD de 1985 a 2006 e uma de suas funções era investigar os relatos de OVNIs e identificar ameaças em potencial. Em 1994, ele analisou o caso arquivado de Rendlesham. A falta de qualquer resposta formal ao relatório de Halt chamou a atenção de Pope, pois tratava-se de um relato de um oficial de alta patente sobre a aproximação e pouso de objetos completamente desconhecidos nas proximidades de duas das mais importantes bases militares em toda a rede da OTAN.
Pope iniciou um estudo exaustivo de 3 anos, revelando vários erros na investigação, incluindo uma confusão sobre a jurisdição: o incidente envolvia duas bases gêmeas da USAF em solo britânico. Outro problema: o local de aterrissagem não foi prontamente isolado. As pessoas iam e vinham contaminando o local. Amostras do solo deveriam ter sido retiradas.
Anos após a revisão dos documentos, Pope descobriu uma das falhas mais críticas da investigação: alvos desconhecidos nos radares. Uma das testemunhas alegou que um alvo não identificado apareceu no scope (tela do radar), sobrevoou as bases por duas ou três passagens do radar e desapareceu.
A região da Ânglia Oriental sempre teve uma cobertura extensa de radar, sempre vigilantes no caso de uma possível invasão pelo Mar do Norte. E o objeto do dia 26 foi detectado. Na base RAF Neatishead, um objeto não identificado apareceu no radar e gerou pânico na sala de controle. Não retornava sinal e tinha performance melhor que as melhores aeronaves da RAF, deixando a tela a uma velocidade incrível.
O objeto foi alvo de uma investigação mais profunda. As fitas de radar das bases de Natishead e Watton foram requisitadas três dias depois. Notavelmente, quando oficiais de inteligência da USAF visitaram a base para coletar o filme, eles alegaram que um OVNI havia caído na floresta. Disseram que oficiais sêniores e uma base aérea da USAF próxima testemunharam o acontecimento e tinham até visto alienígenas flutuando em feixes de luz sob a espaçonave. Inacreditavelmente, nem foi dito aos oficiais de radar para manterem a informação em segredo.
Quando memorando foi feito, três semanas após os acontecimentos, as datas estavam incorretas e o MoD verificou a noite errada. Talvez o equívoco tenha ocorrido porque Halt fez o documento a partir de lembranças. Os eventos aconteceram nas noites de 24–25, 25–26 e 26–27, mas o documento coloca os primeiros eventos na noite de 26–27.Quando o erro foi percebido, Pope constatou que a fita do radar havia sido destruída. A investigação original estava irremediavelmente errada e comprometida.
Primeiros eventos Mas Pope foi muito além de levantar as falhas da investigação original. Em 1994, ele entrevistou uma das testemunhas de maior importância no caso: o Sgt. Jim Penniston, que esteve próximo do objeto que havia pousado na floresta duas noites antes da experiência do grupo do sub-comandante Charles Halt.
John Burroughs e Budd Parker, dois militares de Bentwaters fazendo uma patrulha observaram luzes coloridas sobre a floresta e requisitaram ajuda. Conforme mencionado no memorando, três militares saíram pelo portão leste de Woodbridge por volta das 3h para investigar luzes incomuns na floresta suspeitando tratar-se de um aeronave caída. Eles eram o Sgt. Penniston, o Aviador de Primeira Classe (e mais tarde Sargento) John Burroughs e o Aviador Edward Cabansag, este último dirigindo a viatura, do 81st Security Police Squadron (81º Esquadrão da Força de Segurança) da USAF. Parker ficou nos portões.
Foram de carro até uma trilha e prosseguiram a pé. Ao entrarem na fria floresta, teriam visto o objeto, que teria se movido entre as árvores e agitado os animais de uma fazenda próxima e pousado em seguida. Ao se aproximarem do objeto pousado, o rádio começou a falhar. Penniston incumbiu Cabansag de ficar próximo o jipe para que ele pudesse se comunicar com a base.
"Quando nós três nos aproximamos do objeto pousado, começamos a ter dificuldades com o rádio. O ar ao nosso redor ficou carregado eletricamente e sentíamos isso nas roupas, na pele e no cabelo. Também havia uma sensação de lentidão, como se fosse um esforço para o tempo passar.", disse Penniston.
"Quanto mais nos aproximávamos daquela coisa, mais desconfortável eu me sentia… Era como se eu me movesse em câmera lenta. Senti muito calor e como se o cabelo estivesse ficando em pé atrás da minha cabeça", relatou Burroughs.
Eles observaram o objeto por cerca de 45 minutos. Penniston levava consigo um bloco de anotações e desenhou o objeto. Os desenhos incluem símbolos estranhos que estariam na fuselagem. Ele também tocou a superfície quente e lisa do objeto. Abordaremos estes momentos mais adiante.
Após o breve encontro, houve uma explosão silenciosa de luz que fez os três se abaixarem. O objeto decolou e Penniston pode ver seu trem de pouso triangular. Eles perseguiram a luz que se afastava por alguns minutos. Quando se deram conta, estavam observando a luz do farol de Orford Ness. Mas simplesmente não fazia sentido que era essa a luz observada antes.
"Mais de 80 homens da Força Aérea, todos observadores treinados, testemunharam a decolagem do objeto. A equipe e as testemunhas receberam ordens de tratar a investigação como super-secreta. E nenhuma outra discussão foi permitida", disse Penniston.
Em 1994, ele passou por uma hipnose regressiva para se lembrar de mais detalhes do encontro. Na ocasião, ele alegou que a "nave" que encontrou veio do futuro e era tripulada por viajantes do tempo, não extraterrestres.
O relato de Penniston feito logo após o incidente não contém menções de encontro físico ou qualquer forma de interação com uma nave. Este relato e desenhos anexos não estão datados ou assinados e não são o formulário padrão AF Form 1169 de declaração de testemunha, "Statement of Witness".
Após encontrarem marcas de padrão triangular no chão, os três voltaram para a base para se reportarem. Pouco depois das 4h, a polícia local, Suffolk Constabulary, foi chamada e enviou dois policiais (condestáveis). O policial sênior David King falou com o Cel. Ted Conrad. As únicas luzes que podiam ver eram as do farol de Orford Ness, a 8 km.
Após o nascer do sol do dia 26, militares retornaram para uma pequena clareira perto do limite da floresta e encontraram três depressões em triângulo, mascas de queimaduras e galhos quebrados nas árvores próximas. Moldes de gesso das marcas foram feitas.
Uma aeronave A-10 que voou pela região ao amanhecer detectou radiação infra-vermelha sendo emitida na floresta.
Às 10h30, a polícia local foi chamada novamente para ver as impressões no chão. Eles disseram que poderiam ter sido feitas por um animal. Mais tarde a polícia descobriria vários relatos de luzes no céu naquela noite, muito provavelmente por causa de um estágio de foguete soviético voltando para a atmosfera. Houve também alvos não identificados nos radares no aeroporto de Heathrow, Londres.
Testemunhos O pesquisador escocês James Easton conseguiu obter as declarações originais feitas por Fred A. Buran, John Burroughs, Edward N. Cabansag, J. D. Chandler e Jim Penniston a Charles Halt. Hoje, estes documentos se encontram em domínio público.
São descritas luzes estranhas. Penniston, por exemplo, declara que "diretamente a leste [do portão leste] cerca de 1 ½ milha [2,4 km] em uma grande área com árvores… uma grande luz amarela brilhante estava irradiando sobre as árvores. No centro da área iluminada, diretamente no centro, no nível do solo, havia uma luz vermelha piscando em intervalos de 5 a 10 segundos. E uma luz azul estava, na maior parte [do tempo], parada."
Burroughs, Penniston e Cabansag foram em uma viatura para a floresta em busca da fonte das luzes. Eles também ouviram sons estranhos. Burroughs relatou um um som "como se uma mulher estivesse gritando" e que podia "ouvir os animais da fazenda fazer muitos barulhos". Duas noites depois, Halt ouviu os mesmos barulhos. Em uma entrevista à CNN em 2008, ele disse que "o gado ao redor do celeiro parecia estar enlouquecendo". Este barulho poderia também ter sido feito por veados Muntiacus, conhecidos pelo som alto e agudo que fazem quando estão assustados.
"Percebemos que as luzes estavam vindo de fora da floresta uma vez que nada estava visível quando passamos pela floresta cheia de árvores. Podíamos ver um brilho perto do farol, mas quando nos aproximamos, descobrimos que era uma casa de fazenda acesa. Chegamos a um ponto de vantagem de onde pudemos determinar que o que estávamos perseguindo era o farol distante", disse Cabansag, referindo-se ao farol de Orford Ness.
Em sua declaração, Burroughs também afirma que viam o farol. "Podíamos ver um feixe passando então fomos na direção dele. Nós o seguimos por cerca de duas milhas [3 km] antes que pudéssemos ver que estava vindo de um farol."
A declaração de Penniston é a única que identifica um objeto com a fonte das luzes. Ele afirma ter ficado a 160 pés (50 m) do objeto e que "era definitivamente de natureza mecânica". Somente após ter feito este relato, ele só disse ter se aproximado, circulado, desenhado e tocado o tal objeto por 45 minutos. Isso não é mencionado em nenhum relato da época.
Penniston mostrou em documentários e reportagens o caderno de anotações onde fez os desenhos. A data é de 27 de dezembro e a hora 0h20 – o que não está de acordo com as informações dadas pelas outras testemunhas, mas concorda com o memorando de Halt, que tem dadas erradas.
Penniston diz ter visto o objeto em lugar diferente e muito mais próximo da base do que foi investigado por Halt, o que é inconsistente com suas estimativas inicias de que a luz estava a 1 ½ milha do portão leste.
As testemunhas foram debilitadas por sua experiência e acreditam que o que viram algo "fora do domínio da explicação", nas palavras de Buran.
Em 1984, uma cópia da fita do gravador de bolso de Halt – com quase 20 minutos de gravação – foi obtida por pesquisadores. Por conta da eletricidade estática e de a fita ter sido copiada com uma máquina velha, boa parte das conversas de fundo não puderam ser discernidas. Tempos depois, a TV estadunidense Sci Fi Channel conseguiu a gravação original. Ela não só revelou as conversas como também nomes que não podiam ser ouvidos na cópia de 1984.
Arquivo X Após o acontecido na floresta, Halt e Moreland estavam em diálogo com seus governos. Foi feita uma "reunião em pé" envolvendo pessoal sênior e foi decidido não fazer revelações públicas do caso. Logo, voos secretos estariam chegando a Bentwaters e Woodbridge. Pessoal secreto das agências de inteligência estadunidenses estavam envolvidos. Burroughs, Penniston e as outras testemunhas foram tiradas da roda, assim como o pessoal sênior da base, incluindo o sub-comandante Halt. Seria o início do acobertamento?
O caso todo só viria a público em outubro de 1983, através de uma matéria no popular tabloide inglês "News of the World". Larry Warren, militar da reserva da USAF, contou ao tabloide a história com o pseudônimo de Art Wallace.
Warren, era da polícia da USAF e foi enviado à Inglaterra em 1º de dezembro de 1980. No fim do mês, estaria envolvido dos eventos estranhos na floresta. "Fui tirado do meu posto para a floresta com um número de outras pessoas que estavam trazendo equipamento de iluminação usado para iluminar grandes áreas para fora, mas não funcionou por falha mecânica. Nós ainda não tínhamos ideia do que estávamos fazendo. Uma luz vermelha apagada, que não o farol de Orford, parou sobre uma estranha névoa no chão."
"Ela rapidamente se transformou em um objeto triangular de aproximadamente 30 pés [9,15 m] e em uma pirâmide afiada de cerca de 20 pés [6,1 m] de altura. Tinha uma estrutura sólida com uma superfície áspera. Alguns do grupo saíram correndo, outros ficaram ali, como eu, Não pude me mover – não sei se estava chocado ou se foi influência externa. Era como um sonho… Acho que o tempo estava distorcido e as percepções foram intencionalmente afetadas por esta inteligência. Havia uma realidade e na sua frente estava outra. Senti-me mais lento naquela noite. Tudo estava à meia velocidade e algo estava errado – algo estava fora do lugar."
Warren contou coisas ainda mais fantásticas. Ele disse que viu o "Wing Commander" de Woodbridge, Gordon Williams, ter um contato direto com três humanoides que saíram de um objeto que pousou quando o grupo de Halt estava na floresta. Com ele, muitos militares vários civis e terno. Pouco depois, ele foi retirado à força do local.
Este último aspecto do relato de Warren não agradou as outras testemunhas – que desmentem que houve contato com alienígenas.
A história de Warren norteou os passos da pesquisadora Brenda Butler, que reproduziu o contato em detalhes em seu livro "Sky Crash", de 1984, com co-autoria de Jenny Randles e Dot Street. O também livro trazia alguns documentos oficiais sobre o caso, incluindo o memorando de Halt. Apesar de ser mantido em segredo na Inglaterra, o memorando acabou sendo liberado pelo Freedom of Information Act (Ato pela Liberdade de Informação, FOIA) nos Estados Unidos.
Pope não acredita no suposto encontro de Williams com alienígenas. Além de não ter visto nenhum documento a respeito no MoD, ele pode ouvir a negativa pessoalmente de Williams, episódio no qual a pesquisadora Georgina Bruni estava presente.
Bruni investigou o caso com a ajuda de Pope e, em 2000, publicou "You Can’t Tell the People", com com ainda mais documentos. No final de 2002, o MoD liberou todos os documentos oficiais sobre Rendlesham, 150 páginas que só deveriam se tornar públicas em 2014. Mesmo neles, alguns aspectos dos acontecimentos são imprecisos.
A maior parte dos documentos é apenas correspondência pública. Oficiais de alta patente respondiam às cartas de pesquisadores e algumas vezes de superiores ou outros órgãos militares remetendo o memorando Halt e o comentário de que não houve fatos que devessem ser encarados como ameaças à segurança nacional. Isso poderia ser apenas uma justificativa para não mencionar uma pesquisa mais profunda?
O conteúdo da gravação de Halt e as leituras de radioatividade já seriam motivo de preocupação. O documento DI52, de 23 de fevereiro de 1981, confirma radiação muito acima da de fundo.
Membros de instituições governamentais ficaram mandando cartas uns aos outros pedindo orientação com as réplicas demorando semanas e os especialistas presos em seu embaraço enquanto moradores locais passeavam com seus cães e faziam pique-niques alegremente numa floresta que poderia ter sido irradiada…
"É muito provável que os níveis de radiação registrada não fossem perigosos, mas a complacência com a qual o fato foi tratado certamente foi potencialmente desastrosa", escreveu a pesquisadora Jenny Randles.
Aparentemente, estes níveis não parecem ter induzido efeitos duradouros dignos de serem mencionados e o National Radiological Protection Board (Junta de Proteção Radiológica Nacional, NRPB) indicou que leituras como as obtidas por Halt são não são anormais para uma floresta de pinheiros, principalmente uma perto de uma usina nuclear. Estas leituras poderiam ser obtidas a partir de fontes naturais como raios cósmicos ou a própria radiação da Terra, contrariando as consultas especializadas apresentadas nos documentos liberados.
Mas é difícil explicar os efeitos fisiológicos e distorções de tempo e espaço sentidas por Burroughs e Penniston nas proximidades do objeto.
Apesar dos documentos destacarem que não houve contato de radar com possíveis OVNIs, a pesquisadora Brenda Butler garantiu o contrário através de um operador de radar civil na estação de Watton-Norfolk.
Quanto ao radar de Bentwaters, tal confirmação é mais difícil. Dois dias após o episódio, segundo um documento de 16 de fevereiro de 1981, o comandante USAF na Europa, General Gabriel, "que por acaso estava visitando a estação", requisitou a entrega das fitas de gravação das leituras de radar dos referidos dias.
"Eu concordo que é impar que as declarações das testemunhas Burroughs, Penniston, Cabansag, Buran e Chandler não foram passadas ao MoD pela USAF. Provavelmente deveriam ter sido, como deveriam as fotografias feitas por Ray Gulyas. Mas eu acredito genuinamente que foram erros administrativos ao contrário de um acobertamento”, disse Nick Pope ao "Portal Vigília".
Sobre a atitude do Gen. Gabriel, Pope disse que "Tal tipo de gente não visita por acaso bases militares".
Farol Tentando explicar o acontecido, o astrônomo amador Ian Ridpath desenvolveu uma teoria. Seu artigo foi inicialmente publicado no jornal inglês "The Guardian" logo após a liberação da gravação de Halt. O texto foi reproduzido em muitos sites e debatido por outros pesquisadores do caso. O texto atualizado está em seu site – onde também estão disponíveis muitos documentos sobre o caso, incluindo os depoimentos das testemunhas e a fita de Halt (áudio transcrição).
Para o ele, o que os militares viram foi uma sucessão de fenômenos naturais mal interpretados. Consultando a British Astronomical Association (Associação Astronômica Britânica), Ridpath descobriu que por volta das 3 horas da madrugada de 26 de dezembro, um meteoro extremamente brilhante entrou na atmosfera e pôde ser visto ao sul da Inglaterra. Para ele, isso explica o contato inicial.
As pesquisadoras locais Brenda Butler e Dot Street encontraram muitas testemunhas civis de luzes no céu naquela noite. A família Webb, por exemplo, retornava de uma festa em uma estrada pela floresta quando observou luzes flutuantes e parou o carro para olhar. Um meteoro tem duração curta demais para que isso seja possível.
Por telefone, o astrônomo contatou Vince Thurkettle, um sitiante que morava a cerca de 1,5 km do local dos acontecimentos. Thurkettle não compreendia como a história havia tomado proporções tão assustadoras e afirmou que o que os soldados viram na noite de 27 de dezembro foi apenas o Farol de Orford Ness, na costa de Suffolk, cerca de 8 km além da floresta.
Logo após a publicação da notícia no tabloide "News of the World", Ridpath visitou pessoalmente a floresta. Obviamente, depois de tanto tempo, as depressões no solo já não existiam mais, mas Thurkettle garantia ter sido testemunha ocular do que considerava serem apenas tocas de coelhos. As marcas nas árvores seriam marcações feitas por lenhadores nas árvores a serem derrubadas. Ele próprio viu muitas dessas marcas, recobertas com resina de pinho, o que daria, segundo Ridpath, a nítida impressão de queimaduras por algum tipo de explosão.
Uma noite, Ridpath visitou a floresta acompanhado de um cinegrafista da BBC. Eles filmaram o farol de Orford Ness piscando por entre as árvores com um forte feixe de luz, poucos metros acima do nível do solo, já que o local é mais elevado que a costa. Conforme andavam pela floresta, a luz parecia se deslocar entre as árvores. O cinegrafista, antes cético quanto à hipótese do farol, segundo Ridpath agora ficara convencido.
Além disso, uma ilusão de óptica chamada autocinese pode fazer com que estrelas – ou qualquer ponto claro brilhante distante em um fundo escuro – pareçam estar se movendo.
A BBC chegou a reportar que Kevin Conde, ex-membro da polícia estadunidense, assumiu a responsabilidade por criar estranhas luzes na floresta dirigindo uma viatura polícia cujas luzes ele havia modificado. Depois, ele corrigiu o que disse. "É impressão minha que fiz a manobra durante um exercício. Não faríamos um exercício durante o feriado de Natal. Esta é uma forte indicação de que minha manobra não é a fonte deste incidente específico", disse Conde.
Outras teorias veiculadas mencionam a queda de um satélite soviético espião.
Por outro lado, testemunhas civis observaram as luzes se movendo em ângulo. Eram moradores locais, acostumados com a luz do farol. Sarah Richardson, por exemplo, viu de seu quarto no vilarejo de Woodbridge, alguns quilômetros a oeste, "três grupos de luzes parecidas com estrelas e eram muito brilhantes, de cores vermelha, azul e amarela".
Gordon Levitt, outra testemunha civil, morava em uma casa nos limites da floresta em Sudbourne. Em 26 de dezembro, ele estava em seu jardim com seu cão quando viu um objeto peculiar voando em direção a eles. O objeto parecia um cogumelo com um brilho branco esverdeado.
O objeto passou silenciosamente por eles e prosseguiu para as bases. Na manhã seguinte, o cão ficou doente e se escondeu no canil como se estivesse com medo de sair. Ele piorou e faleceu dias depois.
"A liberação dos arquivos do MoD sobre o caso não fizeram diferença para minhas conclusões, embora tenham possibilitado uma visão sobre como o MoD lida com relatos de OVNIs e investigadores de OVNIs. O conteúdo do arquivo pode fazer a diferença para aqueles que esperavam revelações sensacionais", disse Ridpath por e-mail ao "Vigília".
Ié-ié! O caso chegou a ser comentado pelo famoso físico e ufólogo francês Jacques Valée. No livro "Revelations: Alien Contact and Human Deception", ele concluiu que o caso todo é uma farsa complexa. Tendo como real o relato de Larry Warren, Vallée escreveu que tudo seguiu uma "pontuação teatral”. Analisando a sequência de acontecimentos, ele disse que convidados assistiram a uma cena armada.
“Não é isto que costuma suceder quando um OVNI real aterrissa. Mas é, exatamente, a sequência de ações que alguém pode esperar quanto às reações dos homens quando um estímulo pré-arranjado está sendo testado”, avaliou o físico. Trata-se de uma psyop(psycological opeartion, operação psicológica).
Para o ele, cujas teorias mais recentes são vistas com cuidado por ufólogos mais tradicionais, os militares estadunidenses reuniram equipamentos que se pareciam com discos voadores para testes psicológicos da arte da guerra. Segundo Vallée, a especialização é tanta que é possível controlar as experiências e conter suas repercussões caso haja extrapolação
Para quem defende esta teoria, os objetos encontrados na floresta eram projeções na névoa.
Em outra teoria, o objeto encontrado na floresta era um protótipo secreto de aeronave não tripulada, provavelmente estadunidense mas talvez soviético. Será que Penniston confundiu escrita cirílica com outros símbolos?
O problema com estas ideias é que não há evidências que as apoiem. E se realmente se tratou de uma avaliação psicológica ou um drone acidentado, não poderiam ser de conhecimento prévio do comando da base já que Halt enviou um memorando ao MoD comunicando os acontecimentos. Não há informações de rumores sobre drones ou psyops.
A teoria de um drone soviético é ligeiramente plausível. Era um tempo de grande tensão internacional e as duas bases estavam entre as instalações militares mais importantes do Reino Unido. Os governos envolvidos teriam motivos para ficar em silêncio ou até levantar uma história falsa: os soviéticos jamais admitiriam estar conduzindo atividades de espionagem como esta e os estadunidenses e ingleses ficariam horrorizados em saber que sua defesa aérea foi penetrada tão facilmente e não gostaria que o conhecimento dessa brecha de segurança circulasse entre os pessoal militar de menor escalão (por questão de estado de espírito) ou que se tornasse público.
Mas isso é apenas especulação. Não há evidencias documentais ou testemunhos que apoiem esta interpretação dos eventos.
Polícia A polícia de Suffolk tem um registro datado de 26 de dezembro de 1980 de um relato da força policial da USAF (USAF Law Enforcement Desk): "Temos um avistamento de algumas luzes incomuns no céu, enviamos algumas tropas desarmadas para investigar, estamos designando-as como OVNI no momento".
A Constabulary investigou o relato e o resultado registrado é o que segue: "Controle de Tráfego Aéreo de West Drayton checado. Sem conhecimento de aeronave. Recebidos relatos de fenômenos aéreos sobre o sul da Inglaterra durante a noite. As únicas luzes visíveis na área eram do farol de Orford. Busca feita na área – negativa."
Segundo Ridpath, os "fenômenos aéreos" eram a reentrada do estágio final do foguete do satélite soviético Cosmos 749, que foi muito visto pelo sul inglês pouco depois das 21h do Natal. Os detritos queimando na atmosfera inundaram a Associação de Pesquisa de OVNIs Britânica (British UFO Research Association, BUFORA) e a Autoridade de Aviação Civil (Civil Aviation Authority, CAA) de relatos de OVNIs e aviões explodindo.
Uma carta no arquivo policial diz que um dos policiais retornou ao local durante o dia para garantir que não perdeu nada. "Não havia nada a ser visto e ele permanece inconvicto de que a ocorrência foi genuína. As imediações foram varridas por feixes de luz poderosos de uma luz de pouso na RAF Bentwaters e do farol de Orfordness. Sei por experiência pessoal que à noite, em certas condições meteorológicas e de nebulosidade, estes feixes são muito pronunciados e certamente causam efeitos visuais estranhos."
Sob juramento Em junho de 2010, já coronel aposentado, Halt assinou um depoimento juramentado reconhecido oficialmente no qual contou os acontecimentos e declarou que acreditava na natureza extraterrestre e no acobertamento do caso pelos dos Estados Unidos e do Reino Unido.
"Acredito que os objetos que vi próximos ao quartel eram de origem extraterrestre e que os serviços de segurança dos Estados Unidos e do Reino Unido tentaram – tanto na época quanto agora – subverter o significado do que ocorreu na Floresta de Rendlesham e em RAF Bentwaters pelo uso de métodos de desinformação bem praticados."
Ele também desmentiu alegações de que ele e seus homens teriam confundido um OVNI com a luz de um farol.
"Enquanto na Floresta Rendlesham, nossa equipe de segurança observou uma luz que parecia um grande olho, de cor vermelha, movendo-se entre as árvores. Após poucos minutos, o objeto começou a gotejar algo que se parecia com metal fundido. Pouco tempo depois, ele se partiu em vários objetos menores de cor branca que voaram para longe em todas as direções. Alegações de céticos de que isso era meramente a luz giratória de um farol distante são infundadas; podíamos ver a luz desconhecida e o farol simultaneamente. A última estava de 35 a 40 graus forra de onde tudo isso estava acontecendo."
Comparações feitas entre esta declaração e a fita de áudio encontraram contradições.
Em 2010, o Cel. Ted Conrad deu uma declaração sobre o incidente ao Dr. David Clarke, da Universidade de Sheffield Hallam (Sheffield Hallam University), conselheiro ufológico dos Arquivos Nacionais britânicos (The National Archives). "Não vimos nada que lembra-se a descrição do Tenente-Coronel Halt no céu ou no chão", disse. "Tínhamos pessoas em posição de validar a narrativa de Halt, mas nenhuma podia."
Em uma entrevista, Conrad criticou Halt pelas alegações em sua declaração jurada. Ele disse que "ele deveria sentir vergonha e humilhação pela sua alegação de que seu país e a Inglaterra conspiraram para enganar seus cidadão sobre esta questão. Ele sabe [o que é] melhor". Conrad também contestou o testemunho de Penniston dizendo que o entrevistou na época e o sargento não mencionou ter tocado o objeto e sugeriu que todo o incidente pode ter sido uma farsa.
A resposta parcial de Halt foi: "Ted Conrad está tendo problemas de memória, está com a cabeça na areia ou continua o acobertamento. Até o filho dele admitiu uma conversa familiar provando o incidente… Pelos anos, Conrad fez afirmações conflitantes sobre os acontecimentos. Primeiro ele afirmou nunca ter saído para olhar o céu. Então afirmou que nunca viu nada. Aparentemente ele não se lembra de falar comigo pelo rádio [sobre ver um OVNI enviando feixes de luz para a base]… Lembre Conrad de seu artigo na ‘OMNI Magazine’ de março de 1983… No artigo, ele descreve o primeiro incidente em detalhes e conclui que ‘Aqueles jovens viram algo, mas não sei o que era’. Agora ele está sujando os envolvidos. Esta bem claro que houve uma confrontação muito intensa com algo na floresta. Conrad quer falar sobre como os aviadores foram então sujeitos a esforços de controle mental usando drogas e hipnose por autoridades britânicas e estadunidenses? Sim, Burroughs e Penniston tem questões que se relacionam aos acontecimentos…"
Dias após os acontecimentos, vários oficiais de inteligência conduziram investigações e interrogatórios na base. As testemunhas lembram-se pouco destes interrogatórios e não descartam a possibilidade de terem tido suas memórias do momento confundidas. Penniston diz que usaram sódio pentatol, o soro da verdade. Ele não se lembra de ter concordado com isso, mas acredita que concordou, já que não tinha nada a esconder.
O artigo mencionado por Halt está na página 115 da publicação "OMNI" de março de 1983. "O Coronel Ted Conrad, o comandante da base […] se lembra que cinco policiais da Força Aérea viram luzes do que pensaram ser um pequeno avião descendo na floresta. Dois deles procuraram o objeto a pé e encontraram uma grande nave em montada em um tripé. Não tinha janelas mas era guarnecida com brilhantes luzes azuis e vermelhas. Quando eles se aproximaram a 50 jardas [45,7 m] da nave, Conrad narra, ela levitou seis pés [1,8 m] no ar e se afastou. Eles a seguiram por quase uma hora pela floresta e por um campo até que ela decolou em uma ‘velocidade fenomenal’. Por causa dos relatos feitos por seus homens, o Coronel Conrad iniciou uma breve investigação do incidente pela manhã. Ele foi à floresta e localizou um padrão triangular aparentemente feito por pernas de um tripé. Ele […] entrevistou duas das testemunhas oculares e conclui ‘Aqueles jovens viram algo, mas não sei o que era’."
1679 Guardei para o final o aspecto de Rendlesham que considero o mais extraordinário – e duvidoso. Supostamente, Penniston teria se aproximado do objeto pousado o bastante para desenhar detalhes em um bloco de anotações. Ele teria desenhado símbolos estranhos que vira na fuselagem do objeto e, segundo ele, pareciam-se com hieróglifos.
Além disso, ele teria também tocado o objeto. Ao tocá-lo, ele surgiram uma série de zeros e uns em sua cabeça – aparentemente sem sentido algum. Ao tirar a mão do objeto, a "mensagem" terminou. Após isso, o objeto decolou e foi embora.
Penniston ficou atordoado pela sequência de números e se sentiu compelido escrevê-la. Os números "aparentemente sem sentido" são código binário.
Aqui, abro um parêntese.
Em 1974, seis anos antes do caso de Rendlesham, após melhorias que lhe conferiram maior potência, o radiotelescópio de Arecibo, em Porto Rico, o maior do mundo, transmitiu ao espaço um cumprimento da Humanidade. O sinal foi enviado para o aglomerado de 300 mil estrelas M13, a 25 mil anos-luz na constelação de Hércules. Pretendo abordar isso em outro post.
Foram 1679 pulsos de código binário, que levaram quase três minutos para serem transmitidos. Por que 1679 dígitos?
1679 é o único produto de dos números primos 23 e 73. Qualquer inteligência que poderia receber a mensagem procuraria por traços universais como frequências de elementos químicos, números primos e códigos binários.
Como apenas os 23 e 73, quando multiplicados um pelo outro, produzem 1679, o sinal foi arranjado em uma grade de 23 por 73 quadrados para formar representações incluindo numerais, química orgânica, a forma humana, a população da Terra, o Sistema Solar e o radiotelescópio.
Resumindo, 1679 é, matematicamente, uma forma de mostrar que há uma inteligência por trás do sinal transmitido.
As páginas com o código permaneceram em segredo por trinta anos. Em outubro de 2010, junto ao History Channel, Penniston confiou o código ao programador Nick Ciske. O código foi decifrado conforme a tabela ASCII (American Standard Code for Information Interchange, Código Padrão Estadunidense para o Intercâmbio de Informação), uma codificação de caracteres de oito bits.
O vídeo abaixo mostra trechos do documentário do History sobre a decodificação. O caso de Rendlesham é tratado a partir de 5 minutos e meio e a decodificação aos 9 minutos e 10 segundos.
Trecho do documentário “Contatos Alienígenas”, da série “Alienígenas do Passado”, do History Channel
O que parece fazer sentido é:
EXPLORATION [OF] HUMANITY52º 09′ 42,532″ N13º 13′ 12,69″ WCONTI [NUOUS]FOR PLANETARY ADVAN [CE]
"Exploração da contínua da humanidade para o avanço interplanetário".
É claro que a interpretação do código levantou um grande debate entre ons conhecedores do assunto e até numerólogos. Alguns fizeram conversões diferentes e tiraram suas próprias conclusões sobre "uma mensagem sobre o futuro da humanidade".
Alguns especialistas extraíram algoritmos de círculos em plantações para criar imagens a partir do código de Penniston. As imagens parecem mostrar seres bípedes ou animais. Por serem de resolução extremamente pequena, acabam sendo muito subjetivas e abertas a interpretações.
Hy Brazil As coordenadas na decodificação apontam para uma ilha submersa no Atlântico Norte: Hy Brazil. (Apesar do nome, este lugar não tem nada a ver com a gente.) Numa lenta celta, a ilha era o lar de "outra Atlântida", uma civilização muito desenvolvida tecnologicamente e moralmente. Eles viam o resto da Europa como bárbaros e não queriam se misturar a eles.
A partir de meados de 1300 e por mais de 500 anos circularam na Europa boatos a respeito desta ilha, também chamada de Brasil, Hi-Brasil, Brasile e outros nomes. Natureza exuberante, cidades com muito ouro… Há outras "lendas" da época que são parecidas neste aspecto.
Hy Brazil apareceu em documentos e até 1870. Alguns mapas que mostram a ilha: Dalorto de 1325, Catalão de 1350, Pizigani de 1367, Canepa de 1489, Gutierrez de 1562, Wagenhaer de 1583, Mercator de 1595, Magini de 1597 e Blaeu de 1617. Geralmente, era representada próxima à Irlanda.
Expedições da inglesas e francesas partiram em busca desta terra mágica e voltaram chupando dedo. Mitos irlandeses diziam que a ilha era cercada por neblina e só aparecia de 7 em 7 anos.
Até aí, nada de mais. Mas, em 1675, o respeitado navegador Capitão John Nisbet relatou que, em setembro do ano anterior, retornando da França para a Irlanda, acabou encontrando a ilha por acidente após um denso nevoeiro.
A notícia se espalhou e todos queriam explorar o lugar. Logo Mathew Calhoon fez uma petição oficial ao Rei Charles I reclamando a posse da Ilha de Hy Brazil. Não ficaram claras as bases com as quais ele pleiteava o território, mas prevaleceu o bom senso e os direitos foram assegurados ao descobridor, Capitão Nisbet. Como a ilha jamais foi encontrada novamente, isso nem chegou a ter importância.
Muitas ilhas "misteriosas" no Atlântico foram identificadas e hoje são pontos geográficos comuns em nossos mapas. Não é o caso de Hy Brazil. Hoje, oficialmente, considera-se que ela nunca existiu ou foi uma formação vulcânica temporária que fumegava produzindo o tal nevoeiro, derramando lava em brasa – segundo uma teoria, daí viria o nome "Brasil".
Até hoje, não está claro de onde veio o nome. Há várias teorias. Na tradição irlandesa, diz-se vir de "Uí Breasail", ("descendentes/clã de Breasal", Breasal é um nome masculino irlandês e significa "dor"), um dos antigos clãs do nordeste da Irlanda.
Outra ideia remete ao irlandês antigo, onde "Í" significa "ilha" e "bres" tem o sentdo de "valor", "beleza", "grandeza", "poder"…
Eduardo Bueno, em sua obra "A Viagem do Descobrimento", diz que o nome Brazil vem do celta "bress", que deu origem ao verbo inglês "to bless" ("abençoar"). Assim, "Hy Brazil" significaria "terra abençoada".
Outras teorias associam o vocábulo "brazil" ao cinábrio, o nome popular do sulfureto de mercúrio, um mineral de cor vermelha brilhante utilizado desde a antiguidade como base para corantes e para pintura corporal. A expressão celta "Hy Breasil", que significa "descendentes do vermelho", ou "os do vermelho". Neste contexto, o vocábulo é uma referência aos gregos e fenícios que ao deixarem de comercializar o cinábrio com os celtas, como se tivessem se tornado um povo mítico afortunado que nunca voltou à Irlanda porque vivia feliz na misteriosa e paradisíaca ilha do Brazil.
Documentário “O Roswell da Inglaterra”, da série “Arquivos Extraterrestres”, do History Channel
O que aconteceu? Enquanto elaborava este texto, fiz uma pesquisa extensa sobre a ilha por interesse pessoal, mas não acho necessário estender muito aqui. Como disse quando criei o blog, há quase 7 anos, a intenção é dar a referência e não ser a referência – sempre acabo me estendendo nos textos (até porque minha vontade de pesquisar e escrever é grande) mas a ideia principal é apresentar os assuntos de forma a possibilitar uma pesquisa mais aprofundada.
Quando o assunto me interessa muito, como no caso do Homem-Mariposa, também acabo fazendo textos longos porque nunca, pelo menos em páginas em Português, as informações mais importantes estão em um lugar só. Sempre há alguma coisa faltando. E não vejo outros lugares na com tantas informações e tão apuradas. (Também costuma analisar as fontes, para saber qual texto se aproxima mais da realidade em caso de conflito.)
Quanto à pergunta feita no título, até hoje não há uma resposta definitiva. Documentos e relatos contraditórios dificultam a criação de uma imagem sólida. O caso divide opiniões entre os amantes de mistérios.
De um lado, este pode ser um dos exemplos mais fortes de encontros de militares com uma possível nave alienígena. Para os que estão deste lado, a sinceridade dos indivíduos envolvidos, incluindo as testemunhas civis independentes, não está em discussão. Talvez as pessoas envolvidas podem ter achado melhor revelar os fatos aos poucos por seus próprios motivos – várias testemunhas disseram que receberam ordens de não falar a respeito e de que contar algo poderia prejudicar suas carreiras – e instituições governamentais podem estar tentando acobertar o caso.
Do outro, uma série de fatores se alinha para responder à pergunta: há indícios de erros de interpretação das testemunhas, ilusões de óptica, fenômenos naturais, e a possível falta de adaptação das testemunhas ao ambiente onde vivenciaram os acontecimentos. Aqui também se cogita que tudo foi uma farsa crescente – ou um elaborado exercício de avaliação.
O Roswell britânico ainda aguarda solução.
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