Em 1868 uma "arca flutuante", cheia de papel e pilotada por um espírito de cores neutras, sequestrou o inspetor Frederick Birmingham e o levou ao mais alto ponto do Parque Parramatta, gentilmente o retornando para acordar em sua casa. Birmingham teve mais um avistamento de OVNI em 1873 e tornou-se tão obcecado com o fenômeno que escreveu suas experiências num livro.
Em 1950, Katoomba e os arredores das Blue Mountains tornaram-se um ponto de avistamento de seres extraterrestres - uma onda, para usar o termo ufológico. A febre foi tal que os acontecimentos chegaram as primeiras paginas do Herald e a RAAF (Forca Aérea Australiana Real) foi colocada a postos com uma advertência para não provocar os alienígenas.
A partir de então, os incidentes se tornaram freqüentes suficientes para inspirar uma nova exibição na Galeria Regional de Penrith. "Meus filhos estavam fora num local que eles chamam de Ruínas do Castelo de Faulconbridge, uma casa abandonada numa área cercada. Eles viram o que eles descreveram como uma enorme nave-mãe voando acima", Vernon Treweeke, um artista participante na exibição de Penrith, disse sobre suas experiências.
"Aquilo passou por cima e era totalmente silencioso, eles não ouviram nada até que já havia passado. Aquilo deveria estar bem alto na atmosfera. Obviamente, poderia estar no espaço. Difícil dizer. Eles descreveram como tendo um tipo de símbolo na parte de baixo, algo como um grande hieróglifo. Aquilo tinha janelas também". As cortinas na casa de Treweeke, na mata de Hazelbrook, estão fechadas. Todo o edifício esta apagado e ele atende a porta com óculos 3D em suas mãos no estúdio de porão, ele ativa uma série de luzes do tipo ultravioleta. Com os óculos e a pintura fluorescente em suas telas, partes do seu trabalho começam a transformar. Azuis vão para o fundo e alaranjados vem para frente. "Lentes Prismáticas" ele diz, referindo-se aos ósculos que separam a luz usados por ele. Treweeke trabalha com cores perspectivas e os efeitos da fluorescência, pintando os limites de sua imaginação em um processo que ele considera ligado às físicas teoreticas de Einstein. Um produto da corrida espacial, e da psicodélica de Londres nos meados de 1960, ele acredita que a arte pode levar a realidade em direções que a ciência e incapaz de explorar.
"Isto e um retorno para o conhecimento visionário. Artistas sempre foram visionários, pintando anjos e deuses. Eles tiveram esse papel e depois se tornaram câmeras com pintura", diz.
"Nos estivemos através de um ciclo. Os filmes tem feito isso e as pessoas estão preparadas para isso na arte. Os artistas como visionários podem explorar o futuro e tipo reportar a experiência antes de acontecer".
Anne Loxley, coordenadora de "Os Visitantes", montou a exibição quando ela percebeu a quantidade de artistas que trabalhavam dentro da área de ufologia e a quantidade de avistamentos na área da periferia de Sydney. "Eu nem tinha visto os ÓVNIS nas pinturas de Tim Johnson ate que me mostraram", ela disse das descobertas. A exibição pesa para o lado dos que acreditam, com apenas um cético entre 15 artistas, mesmo que Loxley não tenha planejado isso. "Somente pesa para o lado da arte de qualidade. Eu fui surpreendida por aqueles que acreditam. Se fosse uma exibição sobre crença, seria feita por uma sociedade ufológica". Loxley não acredita - "muito emocionada e psicologicamente frágil para deixar isso fazer parte da minha vida" - mas descreve ela mesma como uma entusiasta. Ela e atraída pelas repetições dos relatos e por o que ela chama de sedutora e
persuasiva evidencia geológica nas Blue Mountains.
A própria exibição, entretanto, foi coordenada com responsabilidade didática. Renomado ufologista Bill Chalker foi comissionado para um catalogo ensaiado e a exibição preparada com uma sala de evidencias com relatos, fotografias e provas de DNA. Chalker orgulha-se de si mesmo em analises cientificas - ele e um químico treinado - e rejeita a maioria dos avistamentos como sendo erros de identificação. Porem mesmo com os alarmes falsos e testemunhas questionáveis, ele tem provas suficientes para acreditar. "Historicamente, desde 1950 ate agora, aconteceram milhares de avistamentos [nas Blue Mountains - Montanhas Azuis]", ele diz. "Em termos de avistamentos inexplicados, são menos de 100, mas mesmo assim e um numero significativo".
Chalker, que trabalha no ramo a 40 anos, olha primeiro os planetas para explicar a maioria dos avistamentos - rejeitando aqueles que provavelmente são Júpiter ou um cometa. Porem se um evento não tem explicação - melhor ainda, se for parte de um conjunto ou deixa provas - Chalker vai considerar positivamente. Ele e detalhista a ponto de fazer notas ao pe de certos relatos do catalogo da exibição que ele desaprova, embora as Blue Mountains tem seu certificado como área de alta incidência. Chalker diz que a ufologia fica marginalizada por falta de fundos e pelo fato de que muitos praticantes não possuem uma sólida base de vantagens.
"Testemunhas oculares geralmente colocam pessoas em cadeias", Chalker diz, "mas quando se trata de avistamentos ufológicos esta mesma testemunha não e considerada". Ai surge a arte, pegando as rédeas no ponto onde a ciência as abandona. "O outro lado disso e que as soluções para esse tipo de problema são sempre artísticas", David Haines, que esta participando na exibição com a companheira Joyce Hinterding, diz. "No fim do dia, nos estamos muito felizes pela arte fabricar e construir o mundo alem de receber entradas factuais. Para nos, também estamos juntando estes materiais em construções fictícias".
Haines e Hinterding passam a noite gravando sons que o ouvido humano não pode ouvir. "Um tipo de ciência popular", Haines diz das antenas e osciladores caseiros. O trabalho não interpreta os dados, mesclando o som com o vídeo, mas deixando a audiência descobrir o que Hinterding chama de coerências. Depois de viver quatro anos nas Montanhas, ambos artistas estão de acordo que a significativa dos avistamentos tem algo a ver com a associação da região com a anticultura. Treweeke, por sua vez, acredita que as vigias estão relacionadas à elevação e céus claros - um ponto que ecoa com Loxley, desde que respeite as pessoas envolvidas.
Para Chalker, que levou tanto tempo brigando por legitimidade, a questão e muito difícil para responder: ali existe uma significativa área de incidência de avistamentos, mas explicar o porque seria resolver metade dos problemas que suas ciências tem como obstáculo. Contudo, ele não vê as interpretações artísticas como um fator que enfraquece sua ciência - pessoas pensam que a cultura popular inspira avistamentos, mas o que ocorre e o contrario.
Isso também e verdade para Haines, cujo interesse e apimentado por relatos de outras pessoas e uma mente aberta.
"Este e o desejo também, penso eu, de uma realidade extra. E fácil ser levado pelos eventos do cotidiano. Vários artistas gastaram muita energia tentando elevar-se do cotidiano, mas eu acho que artistas estão sempre em busca do extraordinário", ele diz. "Eu ainda não falei com alguém que tenha diretamente visto isso, mas eu tenho interesse. E um ato de desejo como qualquer outra coisa, e querer ver".
Parramatta Park - Austrália
Por Erik Jensen
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